Ao ponto que avança a opção de milhões de cristãos por movimentos e igrejas calcados na chamada “teologia da prosperidade”, as narrativas profundas da religião vão sendo pulverizadas e até esquecidas. Não é uma exclusividade do cristianismo ser uma religião muito ligada aos poderes do mundo e aos ricos. Contudo, condicionar a salvação pela capacidade de consumo e ostentação do indivíduo, é algo perigosamente “novo”.

EU SOU EMPRESA?

À rigor, numa sociedade que tem o displante de proliferar a noção de que todos os trabalhadores devem ser empresários de si mesmos, não estranha que uma religião importante adote e esta ideia propaganista. Propaganda e religião não deviam se misturar. O problema está na oposição que o fenómeno religioso faz a várias noções ultra neoliberais.

A CRUZ E O CIFRÃO

A fé empresariada não deixa de ser fé no coração e na alma de milhões de seguidores. Contudo, para os membros do clero envolvidos nestes negócios,  é preciso uma disciplina espiritual severa para não se corromper. Não é isto, porém, que as notícias a respeito nos levam a crer na maioria dos casos. A empresa religiosa esvazia ou diminui muito a espiritualidade… O dinheiro é uma energia que pode ser boa, mas quando se origina de uma cobrança no mínimo afetada e estranha de improváveis dízimos, não parece que terá bom destino.

PARCAS VITÓRIAS

Da Justiça, nos chegam resultados processuais que trazem esperança de que um ordenamento maior para a conduta das instituições religiosas empresariadas com a “teologia da prosperidade” possa, pelo menos, ser objeto de punições que o Poder Judiciário corroborar. Por outro lado, permanece a questão dos impostos: por que estas empresas bilionárias não pagam impostos? Está na hora de superarmos a noção tola de que toda atividade religiosa é inocente e sem segundos interesses!

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