Toda sociedade é construída em torno de hegemonias. Para as religiões, é muito preciosa a hegemonia sociológica da boa imagem de uma religião na sociedade. Em termos de opinião pública, o que costuma contar, porém, é o olhar hegemônico. Neste sentido, o cristianismo das igrejas institucionais sai das eleições brasileiras majoritariamente como um protagonista de extrema-direita do cenário político. Não vou abordar a imensa distância entre as noções do Mestre Jesus e as ideias extremistas de direita. Porém, como sair dessa associação?
DIREITA CRISTÃ
Claro que existe uma direita cristã com longa história no Ocidente. Ela não surgiu com a ascensão recente de regimes extremistas em vários países ocidentais. Porém, o que temos agora é uma aproximação direta de numerosas correntes cristãs com um fascismo que serve de base ao neoliberalismo. Em princípio, é uma aproximação estranha e contraditório, mas é o que temos. A ponte mais explícita entre estes dois mundos é a crença de que um mundo intolerante será melhor que um mundo democrático. A direita cristã conseguiu ampliar-se com esta estratégia de aproximação.
NEGÓCIO$ CRISTÃO$?
Sempre resta uma explicação materialista para tudo que nos rodeia. É comum acreditar-se, por exemplo, que um ganho material é o que “justificaria” esta radicalização extremista de tantas lideranças e de tantos fiéis cristãos. Avaliamos, porém, que, mesmo que um pesado jogo de interesses materiais esteja já denunciado – e sendo investigado, como no caso de MEC! – nesta relação entre cristianismo oficial e extremismo, é de adesão coletiva das massas que estamos falando. Estes cristãos andam realmente confundindo os messias…
FAKENEWS
Claro que as fakenews fizeram um imenso desserviço ao cristianismo com ilações morais tão absurdas quanto aquelas que se referem a mamadeiras e a banheiros… (Esta manipulação pode estar com os dias contados, pois as previsões das fakenews simplesmente não vão se realizar…) As fakes, porém, apenas reproduzem uma abordagem medíocre da fé que já marca o cristianismo há muito tempo. Misturadas às fakes com os interesses materiais e com a “inocência” de boa parte do nosso povo, foi feito o imbróglio no qual o cristianismo fundamentalista nos meteu.
A ALMA DO POVO
Aparentemente, ficou difícil tocar a alma do povo brasileiro quando não se é fundamentalista. Boa parte da Nação mergulhou numa exigência de “carteirinha de fé” para poder dar ouvidos a um argumento. O ideário da extrema-direita, na sua realidade paralela totalitária, se aproveita muito bem desta tolice perigosa de tantas cidadãs e cidadãos. Para sair da armadilha é preciso que os próprios religiosos cristãos se movimentem denunciando e excluindo instituições falsamente cristãs que existem a serviço de interesses de poucos. Principalmente para o mundo evangélico, mas não só, é preciso separar o joio do trigo!