Em roda, abraçados pela cintura, acompanhamos o mantra que dizia: Seja bem-vindo, seja bem-vinda… a essa casa abençoada… a essa casa que é sagrada… A casa só lhe quer o bem, a casa não quer fazer mal a ninguém…

Engana-se quem considera esse “bem” genérico e politicamente analfabeto. O Bem, intencionado pelo coletivo de educadores que compõem o Núcleo de Educação Transformadora da Paraíba, tem um lugar de fala em oposição a pautas negacionistas e antidemocráticas. O NET-PB tem em sua gênese a vocação freiriana da educação cidadã e emancipatória; é um espaço de reflexão sobre novas alternativas em educação, fortalecimento da rede de educadores e troca de saberes e experiências. Abraça-se uma pessoa (uma criança, um aluno…) e sua história: Eu te vejo!

Reunidos em Bananeiras, PB, dia 07 de junho último, celebramos o 6o aniversário do NET que havia arrefecido durante a pandemia. Nossa cerimônia de congraçamento entre veteranos e novatos foi marcada por simbolismos: apresentações ancoradas na parentalidade; abraços sem pressa, com joelhos dobrados em reverência; estrela de papel que se abre em contato com a água e “revela” uma mensagem; pernas descruzadas e pés na terra (assentamento!); mãos hidratadas com floral de Saint Germain e respiração consciente (autoamor); mãos quentes pra gente se auto abraçar (acolhimento); corações de pai e mãe unidos ao do(a) filho(a) por um “fio invisível” (gênese e gratidão); o toque do tambor xamânico para favorecer a vibração do campo; a memória do Coletivo e o planejamento dos próximos passos; fitas coloridas que se prendem à “moldura” do que foi o nosso Encontro (como saímos daqui?). O parabéns pra você e o bolo de aniversário não poderiam faltar pro niver da criança.

O endereço escolhido para essa comemoração foi a Escola dos Sonhos, cujo ideário pedagógico tem inspiração na Escola Básica da Ponte, do Porto, Portugal. Ao chegarmos pela manhã para essa imersão fomos recebidos por jovens tutorandas que nos apresentaram a concepção e metodologia da Escola. Chamaram a nossa atenção para o ponto de partida do processo educativo: a curiosidade das crianças e jovens. A partir daí constroem-se projetos com objetivos e trilhas que fazem “a ponte” com os conteúdos curriculares e as habilidades, sob o olhar atento dos tutores. Em paralelo, oficinas de arte e cultura. Seu público-alvo são alunos(as) da zona rural. Um oásis de livre pensar em um deserto de educação bancária que é a educação tradicional. Trata-se da Pedagogia Cirandeira. Há que se desconstruir os modelos de educação pré-fabricados que desconhecem a individualidade e domesticam.

O lugar de aconchego do educador inquieto com sua prática. Esse é o nosso húmus. Nessa comunidade de aprendizagem reconhecemos, divulgamos e potencializamos práticas educativas – em espaços escolares ou não – que dão autonomia ao pensamento, e estão comprometidas – direta e indiretamente – com a educação pública de qualidade e a justiça social. O intercâmbio enriquece e fortalece a experiência de todos. Até a saída com atraso do ônibus da Universidade teve seu significado: todos são importantes e agregam, ninguém fica para trás.

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