A IMAGEM É PERIGOSA?
Por que o uso de imagens assusta tantos fundamentalismos religiosos em tantas religiões do mundo? Não é à toa, que mal o Talibã chegou ao poder novamente no Afeganistão e várias tipificações de imagens foram consideradas ou proibidas ou obrigatórias. Quem desobedecer, pode enfrentar duro castigo. Aqueles que censuram a imagem mostram que sabem muito bem o que estão fazendo… O controle da imagem pretende ser o controle da vida.
O PAPEL DO IMAGINÁRIO
A imaginação é uma função natural do ser humano, pela qual passam as imagens. As imagens estruturadas hein sistemas simbólicos, arquétipos e narrativas míticas, representam o capital pensado da humanidade na forma do seu imaginário. Foi Gilbert Durand que conseguiu demonstrar o papel estruturante da imagem como central para a vida humana. Nosso sistema cognitivo não diferencia interiormente a imagem dita como real daquela que foi “apenas” imaginada. Porque imagina, o homem simboliza e consegue, com a simbolização, estabelecer eufemismos que lhe garantam suportar a vida, mesmo sabendo que vai morrer a qualquer instante.
CRENÇAS E FILOSOFIAS DE VIDA
Todas as crenças e filosofias de vida possuem sistemas que pretendem dar sentido para a vida. A fé estabelecida nas religiões institucionais, que é mais sistematizada que a fé das espiritualidades livres, costuma exigir disciplinamento imagético socialmente visível. Como é impossível saber o que realmente se passa no coração do homem que crê, aos fundamentalistas só resta tentar impor suas imagens nesta vitrine que é a vida.
DEMOCRACIA E LAICIDADE
A saída para conseguir impor aos fundamentalistas uma contenção dos seus objetivos totalitários, está na política. É pela política que podemos estabelecer repúblicas democráticas onde a laicidade do Estado pode e deve garantir a liberdade de expressão e a defesa do cidadão contra a tentativa de controle da imagem e seus usos pelos diversos fundamentalismos religiosos e filosóficos deste mundo.