O estudo científico da religião ainda “assusta” os fundamentalistas religiosos de plantão. Hoje, 5 séculos após a perseguição católica a Galileu e Giordano Bruno, 2 séculos após a extinção da Inquisição, 5 séculos após o protestante Calvino mandar executar Miguel Servet – e tantxs outrxs! – e de Lutero corroborar a repressão e martírio de 20.000 camponeses anabatistas, um certo tipo de cristianismo ainda pode desestabilizar o aprendizado científico de jovens interessados em Ciências das Religiões.
OBSTINAÇÃO DOGMÁTICA
A religião institucionalizada não precisa demonstrar o seu pensamento. É dogmático! Já o fenômeno religioso profundo do cristianismo, por exemplo, é mítico e é também pelo bem da humanidade numa mensagem de amor e harmonia. Contudo, as instituições que se dizem cristãs nem sempre estão em sintonia com este aspecto do fenômeno. Muitas igrejas cristãs já se tornaram até verdadeiras empresas de religião dentro da lógica pragmática do lucro, por exemplo. Nelas e em outras, a vida acadêmica é vista com desconfiança. Esta postura retorna agora com força após séculos..
CONTRA O ILUMINISMO?
Foi no século 18 que a Civilização Cristã consolidou a razão científica e filosófica com independência em relação ao cristianismo e sua tendência persecutória. É um processo histórico complexo onde clérigos também aparecem dialeticamente como desenvolvedores do conhecimento científico. Porém, até hoje permanecem em muitos aspectos a tendência a censurar o conhecimento acadêmico. Eu pergunto e deixo a pergunta para o leitor matutar: o cristianismo precisa necessariamente ser contra a razão?
NAS CIÊNCIAS DAS RELIGIÕES
Para o estudante cristão que tem vocação das Ciências das Religiões, o fundamentalismo pode ser devastador. Clérigos fundamentalistas vêem o cotidiano acadêmico como campo de luta: religião x academia. O estudante que porventura pertença a uma organização fundamentalista poderá ter expectativa de utilizar espaços físicos e intelectuais da universidade para proselitismo religioso. Porém, a República é laica e o proselitismo deve ficar nos espaços da religião. O dogmatismo engessa alguns jovens e pode diminuir o rendimento acadêmico. No limite, ele pode até ajudar a afundar a própria Civilização Cristã diante da ascensão notória da Ásia. Será que estamos diante de uma nova “era de trevas”? De toda forma, ao entrar numa universidade todas as religiões devem deixar o seu proselitismo na portaria!