A inadmissível influência que o Fundamentalismo Religioso está ganhando no Brasil, me faz matutar…  O Ocidente Cristão possui, em princípio, uma tradição bem maior de reconhecimento das liberdades humanas e da representatividade social na escolha dos governantes. Os Direitos Humanos sistematizam tais princípios. Entretanto, também no Ocidente se encontra uma duríssima história de Intolerância Religiosa e opressão. A Inquisição e as Reformas demonstram isso claramente.

ASSÉDIO

Uma das pulsões sociais que refletem a contradição entre liberdades e intolerâncias no Ocidente é o conjunto de atos sociais que podemos nomear como assédios e/ou bullying. Crer, por exemplo, que toda a Sociedade Civil é obrigada a seguir esta ou aquela religião, é uma patologia social que ainda reflete velhas motivações inquisicionais. Nas violências coletivas, a mais sintomática é aquela que pretende assediar toda uma Nação ao mesmo tempo com a teologia de uma corrente cristã…

PARADIGMA PERDIDO?

O fascismo e o nazi-fascismo dominaram por décadas parte importante da cena política ocidental até a derrota dos nazistas alemães pelo Exército Vermelho da União Soviética em 1945. De lá para cá, tinha-se o consenso de que as democracias representativas não tolerariam mais os termos totalitários da extrema-direita. Entretanto, o fracasso econômico das democracias em atender minimamente aos anseios da classe trabalhadora após décadas de hegemonia, abriu espaço para a volta do totalitarismo e de suas variáveis.

O FIM DA DEMOCRACIA?

Daí para a aliança entre extremistas políticos e extremistas religiosos, foi um pulo. As correntes auto identificadas como cristãs conservadoras logo viram na ascensão dos populistas de linhagem protofascista uma oportunidade para alcançar o poder. O mau hábito cristão de gostar de fazer parte do staff do César se somou ao desejo de vingança e de dureza política do neo-fascismo, ainda inconformado com as derrotas sofridas na primeira metade do século XX. Políticos e regimes com este enquadramento reacionário estão hoje em várias nações ocidentais com chances de vitória ou exercendo o governo. A democracia sobreviverá?

NA ALMA DO POVO

Claro que é preciso que nós, democratas, olhemos para outras alternativas econômicas que não impliquem nas políticas neoliberais de cortes públicos e privados na Educação, na Saúde e na renda dos trabalhadores. Porém, é preciso também afastar as religiões do enquadramento (neo)fascista. As forças democráticas ainda têm condições históricas para buscar a reversão da tendência ao autoritarismo. Dois aspectos precisam estar juntos: a retomada das políticas de bem-estar social e a compreensão das espiritualidades cristãs contemporâneas que marcam a Alma nestes tempos atuais. Esperancemos!

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