O Cuidado como a saúde do corpo é a alma das Unidades de Terapia Intensiva nos hospitais do Brasil. Equipes de profissionais da saúde se revezam neste que é um dos mais difíceis ambientes de trabalho. Nele, aquele que é o maior dilema humano, o de se ter consciência da morte, convive com os fios de Esperança nos corações dos profissionais, pacientes e suas famílias. Na recente pandemia de Covid 19, viu-se a grandeza de tais profissionais. Contudo, neste lugar de cuidar do corpo, parece haver um Cuidado esquecido: é o Cuidado Espiritual.
SAÚDE MENTAL
Se o termo “espiritual” incomodar o leitor, troque-o por “mental”, pois estamos falando da mesma coisa. As UTIs são ambientes frios, tanto na temperatura quanto nas relações humanas. É até compreensível a necessidade de um nível de impessoalidade para a dura tarefa dos profissionais que lá estão. Contudo, por que a arquitetura do local, em plena era digital, precisa ser tão anódina e inexpressiva?? Urge mudar este quadro!
UM DIREITO
Com o crescimento do SUS e da rede de hospitais públicos e privados, muitos brasileiros conquistaram o direito de acesso às UTIs nas últimas décadas. Penso que grande parte das famílias já teve algum dos membros fazendo uso desta tecnologia. Isso ocorreu também com a minha família. Foi em tais ocasiões que pude perceber o mal que uma UTI pode causar à psique do paciente. A soma da arquitetura insípida com a impessoalidade dos profissionais retarda a cura dos pacientes. Falta sensibilidade para a dimensão da Alma (com “a” maiúsculo!).
SUGESTÕES
Penso que falta decisão política para se buscar soluções ambientais que humanizem a Saúde também nas UTIs. Talvez se possa dar acesso ao paciente a vistas da natureza (real ou “artificial”) e/ou a imagens do mundo projetadas da própria internet seletivamente . Num ambiente de investimento financeiro tão alto, o custo destas e de outras possíveis inovações não faria grande peso. E, se assim fosse, provavelmente se conseguiria evitar, por exemplo, que um paciente saído de uma UTI caísse no choro e entrasse em depressão. Foi exatamente isso que ocorreu com um ente muito querido deste colunista. Motivo? As imagens de horror de corpos abertos e falecimentos que esta pessoa tinha presenciado ao vivo, sem preparo, dentro da UTI…