A Carta aos Brasileiros e a Carta da FIESP lançadas e lidas publicamente ao povo brasileiro em todo o território nacional e pela web, me fez meditar. A política precisa de um compromisso claro com o diálogo inter-religioso que componha o respeito à liberdade religiosa com a existência da diversidade religiosa. Em nossa república laica, todos nós temos um compromisso eleitoral este ano.
VOTO E LAICIDADE
Se o meu eventual leitor já escolheu seus candidatos ou não, é um assunto dele ou dela. Porém, a cidadania me dá o dever de lembrar que devemos nos perguntar se os nossos candidatos estão compromissados com a laicidade republicana e com respeito ao direito de culto ou não culto de entidades transcendentes ou imanentes. Ou seja, como dizem os rosacruzes, cada um pode ter o deus do seu coração.
NÃO É FAVOR NENHUM…
Respeitar a religião alheia não é favor, mas civilidade. Tanto governantes como eventuais primeiras-damas, devem satisfação ao povo no respeito ao direito constitucional consagrado em 1988, mas já presente desde a fundação da República. Ninguém está inventando a roda. A laicidade tem uma história profunda nas democracias ocidentais desde o século 18. A pesada história do Brasil, com forte presença da intolerância religiosa, mostra que a adoção de um Estado Laico de Direito foi uma libertação. É inegociável!
DE ONDE VEM?
Quando o ocidente cristão produzir historicamente a ilustração iluminista, o lugar da religião ficou claramente definido e é muito nobre. A religião deve se ater ao fenômeno religioso e manter-se distante dos poderes públicos. A religião deve cuidar da alma, algo que o Estado Nacional dificilmente consegue fazer. Quando ela sai deste espaço privilegiado, naturalmente enfrenta a forte oposição filosófica iluminista. Neste caso, o iluminismo está coberto de Razão. A religião deve sempre mergulhar no diálogo com a república laica!
PARA ONDE VAI?
Os nossos votos em outubro e novembro vão definir para onde vai esta questão. Saberemos se o Brasil vai flertar com uma quase teocracia arcaica e antagônica, vestida de “laicidade”, ou se permanecerá no espírito republicano e no respeito aos constituintes de 1988. Este assunto não permite brincadeira nem conversa redonda. Como todo assunto iluminista tem começo, meio e fim. O começo e o meio estão dados, mas qual é o fim que nós desejamos?