O Brasil consagrou o termo “professor de religião” para designar todos nós que trabalhamos na docência com temas das religiões. Seja historiador ou cientista das religiões ou sociólogo ou antropólogo ou teólogo, todxs somos “professorxs de religião” no termo usual do cotidiano brasileiro. Contudo, é preciso notar que este professor é, hoje em dia, na maioria das vezes, um poço de dúvidas…

RELIGIÃO OU RELIGIÕES?

Pessoalmente, penso que não me enquadro no principal problema que vejo nesta Área que abracei por vocação. Trata-se do desafio de ensinar as diversas cosmogonias religiosas sem fazer proselitismo para nenhuma delas.  Pode parecer estranho para alguns este ensino laico de religiões, mas basta pensar no quanto é forte a intolerância religiosa nos dias de hoje em todo o mundo para perceber que a escola precisa ensinar respeito à Diversidade Religiosa. Contudo, somos todos capazes de lecionar sem demonstrar predileções? Para alguns, ainda não.

PROSELITISMO

É importante diferenciar o direito à pregação religiosa em ambientes religiosos ou em certos contextos públicos no exercício da Liberdade Religiosa daquilo que é a atitude proselitista do professor que usa de sua autoridade para divulgar a sua própria religião. Quando o espaço docente passa a ser palco da infantilidade psicanalítica de quem usa-o para externar seus dilemas íntimos, o estudante perde o seu direito de não ser importunado com pregações alheias ao seu consentimento.

O PAPEL DO PROFESSOR

Em sociedades secularizadas e desencantadas como as do ocidente “cristão” dos nossos dias, o professor de ciências das religiões deve oferecer instrumentos mentais e científicos para seu aluno libertar-se da ignorância acerca do Fenômeno Religioso. Sem proselitismo, a “aula de religião” ganha um sentido até terapêutico, pois oferece – para aqueles que estiverem abertos a recebê-los – conjuntos de imagens que podem ajudar o indivíduo a prosseguir no seu Trajeto da Alma. Ou seja, reger nossas turmas respeitando a Laicidade do Estado brasileiro, significa também um verdadeiro ato de Cuidado Espiritual.

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