Abro espaço para o excelente manifesto de setores evangélicos sobre o atual conflito na Palestina. Trechos. “Diante da inegável escalada de mortes e destruição das condições de habitação e vida do povo palestino, decorrido um mês do início dos conflitos entre Israel e o Hamas, organizações, redes, comunidades, coletivos e lideranças de várias tradições do campo protestante e evangélico, comprometidas com a defesa da justiça em todas as suas dimensões, vem pronunciar-se pelo imediato fim do que se configura cada vez mais como um processo de limpeza étnica e genocídio.”
ANTISEMITISMO
“(…) Embora não se possa dizer, de sã consciência, que se trata de um conflito imotivado, é certo que a ocasião e os métodos são injustificáveis na perspectiva do compromisso com a vida e com a paz justa, que assumimos como consequência direta de uma fé cristã seriamente referenciada no exemplo de Jesus de Nazaré. Também aqui marcamos posição de absoluto repúdio ao crescente e injustificado antissemitismo sofrido por pessoas e instituições da comunidade judaica em várias partes do mundo (…)”
DIREITO DE DEFESA
“(…) Por outro lado, o direito à defesa, no caso de Israel, no sentido do direito internacional, já exorbitou em muito as proporções da agressão, acumulando-se a cada dia aos milhares o número de mortes na região de Gaza, especialmente de civis, inclusive grande proporção de crianças, mulheres e idosos, sem falar no rastro de destruição de toda a infraestrutura necessária à vida comum na faixa de Gaza – o que reforça a conclusão de que se trata finalmente de uma punição coletiva (…).”
APELO
“(…) Vale lembrar o apelo e chamado ao arrependimento às igrejas cristãs, teológos e teólogas do Ocidente por parte de irmãos e irmãs das igrejas cristãs na região, em carta aberta, em que denunciam o discurso colonial ainda em voga demonstrado no recurso a teologias e interpretações sionistas que justificam a guerra. Reconhecendo, portanto, o seu chamado, e também em solidariedade com as perdas de vidas e materiais que atingem a própria comunidade cristã em Gaza, nos somamos às vozes das pessoas – inclusive muitos judeus – em muitos países, que têm denunciado o estado de coisas que se constituiu nas últimas semanas e pedem o fim da guerra, a abertura de negociações para a tão repetida solução dos dois Estados, livres e soberanos (…).”