Existem muitas maneiras de definir o vazio de alma da contemporaneidade. O termo weberiano Desencantamento do Mundo talvez seja a mais famosa. Independentemente do formato da noção, estamos tratando de um fenômeno histórico que vai se tornando cada vez mais doloroso. Um dos sintomas deste fenômeno hoje em dia é a queda do rendimento intelectual estudantil.

(IN)COMPETÊNCIA

Não estou tratando apenas do ambiente da sala de aula, mas de todo o sistema escolar e do aprendizado. O sistema agora permite uma ampliação tipo “eu faço de conta que ensino e você faz de conta que aprende”. Precisamos estar preparados para um tempo não muito curto no qual muitos setores e seus respectivos ofícios estarão, provavelmente, recebendo profissionais incompetentes.

PARA QUE ESTUDAR?

Penso que este processo se iniciou com o avanço do virulento neoliberalismo, que esvazia profissões, postos de trabalho e vidas. Não só no Brasil, um percentual muito alto, porém ainda não totalmente calculado, dos jovens em idade escolar, simplesmente não encontra mais motivo para o esforço de estudar e profissionalizar-se. A crença neste modelo tem caráter dogmático que lembra o pior lado das religiões de livro revelado.

UBERIZAÇÃO

Para aumentar os lucros e alimentar a ganância infinita, o monstro neoliberal pariu a uberização. A migração de jovens em idade escolar para funções oferecidas por aplicativos de celular sem nenhum direito trabalhista ou social é a efetivação de um novo tipo de servidão. Desencantado, o jovem pensa “se é para viver como servo, para que estudar?” A solução profunda para este problema é a mudança radical do modelo econômico no sentido do desenvolvimentismo, que marcou governos anteriores do atual presidente da república. Contudo, não sei se a mudança estrutural terá força para tocar o coração dos jovens…

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