Imagino, logo existo! Parafraseio. Penso sobre o que imaginei e sobre o que o “real” me “deu” e continuo existindo. Minha consciência me faz receber/perceber as imagens que compõem o mundo e me posicionar sobre ele na história. As imagens são, em princípio, terapêuticas, mas podem ser “doentias”, avessas às estruturantes do imaginário. Porque imagino, não me desespero diante do caos do mundo e da finitude iminente da vida. Vivo em “equilíbrio” com o mundo porque o Imaginário me permite sistematizar seus símbolos.
O IMAGINÁRIO E A HISTÓRIA
“O imaginário é o capital pensado da humanidade” (Gilbert Durand). Tudo que o sapiens sapiens imaginou/pensou/imaginou em aproximadamente 300 mil anos de história está consignado no imaginário. A busca pelo passado é também uma busca por raízes que fortaleçam o sapiens diante da dureza da dialética da história. É uma busca analética. Há nela o que chamei de Intuição e Imemorial da História.
PASSADO E DESESPERO
Voltamos ao passado para suportar o presente e encontrar sentido nele para a “vida vivida” (Lebenswelt = mundo da vida). Max Weber percebeu e brilhantemente demonstrou que esta tensão entre a vida e sua finitude está e já estavam a seu tempo na essência de uma crise cultural ocidental que ele denominou de Desencantamento do Mundo. No estudo do imaginário, propus a noção de Desmitologisamento de Valores.
O CRISTÃO DESESPERADO
Gilbert Durand aponta um afastamento do mundo cristão em relação às suas bases míticas profundas como base de um desespero generalizado diante da vida no Ocidente. Carl Jung busca reencontrar os arquétipos essenciais do homem criando noções como a de Inconsciente Coletivo. Os três – Weber, Jung e Durand – nos previnem, cada qual ao seu modo, da possibilidade de nos faltar chão para enfrentar o futuro enquanto projeção possível do “nosso” mundo hoje. Nestas noções podemos resumir a profunda crise do Ocidente Cristão, aparentemente destinado, a preço de hoje, a ser superado e hegemonizado pelo oriente asiático e suas religiões de conformismo.