No mundo atual, é cada vez mais comum escutar assertivas do tipo: “não acredito em Deus, pois se ele deixa toda esta desgraceira acontecer, para mim ele não existe”. Ou então, assim: “não quero mais saber de Deus, pois não concordo com um Deus que deixe tanto sofrimento ocorrer na terra”. claro que as pessoas estão no direito do livre arbítrio e da liberdade de escolha. Não é este o nosso tema aqui.

O MORTO ESTÁ NA SALA

Não pretendo debater o sentido teológico ou não das assertivas. Nos chama atenção o vazio sociológico que a presença morte de Deus provoca agora. Inclusive, ressalvo que o ateísmo baseado em um conhecimento filosófico sólido não sofre com a morte de Deus. Existe uma mentalidade ateia socialmente válida. O problema é em outros grupos sociais que vêm  similitude entre não ter esperança e não acreditar em Deus.

NEOLIBERALISMO E SINTOMAS

O psicanalista lacaniano Christian Dunker já demonstrou claramente o vínculo entre a radicalização liberal do mundo e o adoecimento psicanalítico. Uma espécie de “Deus sociologizado” está neste contexto. O vazio de perspectivas de vida agora aflorou na geração Z. Muitos jovens até 25 anos não querem mais trabalhar desde que consigam sobreviver de outra forma. O capitalismo mentiu para seus pais, avós, bisavós, etc, que trabalharam “inutilmente” a vida toda e morreram sem ver nenhuma ou muito pouca ascensão social.

REESPERANÇAR

Some a este quadro desestimulante a redução da qualidade da educação em quase todo o ocidente cristão e teremos explicações para alguns contextos atuais: as dificuldades do/no mercado de trabalho para atender estas demandas; a quase inapetência de boa parte dos estudantes ocidentais que, no Brasil, chegam até a universidade com problemas que, no limite, beiram a impossibilidade de ler e escrever normalmente e a rápida ascensão da Ásia na nova ordem global. Para reesperançar e transcender o mundo, é preciso mudar a direção política das democracias ocidentais. Esquerda, volver!

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