De tempos em tempos, vemos o retorno de um defunto insepulto que caminha pelo mundo em noites sem lua com o mau cheiro típico da morte. Trata-se do cientificismo racionalista. Mesmo depois de Freud, Weber, Bergson, Levi-Strauss, Durand, Jung, Lacan, Bachelard, Cassirer, Reich, Corbin e tantos outrxs, ainda há quem se afunde no empiricismo cientificista. É o caso lamentável da bióloga Natália Pasternak. Volta e meia ela busca se promover com as mesmas polêmicas bobas e ultrapassadas. Muitos o fazem, mas ela inventou um instituto que quer ser o dono da verdade científica no Brasil…
ARROGÂNCIA? IGNORÂNCIA?
Ambos, talvez. Ou outra. Auto-promoção? Ou será que os adeptos desta ortodoxia velha se expuseram ao estudo forte dos Novos Paradigmas da Ciência – já não tão novos, pois já contam com mais de 13 décadas de existência – para o estudo profundo e para o debate? Quem critica sem estudar e sem ir para o debate público arrojado ao vivo, não pode ser levado a sério.
POLÊMICA VAZIA
Escrever textos polêmicos detratando a psicanálise e a homeopatia é fácil. Seria bom debater olho-no-olho com os melhores psicanalistas e homeopatas do país antes de escrever “argumentos” cientificistas e de promover a desesperança em milhões de usuários. Não sei se esse é o caso da referida cientista, ex-comentarista da TV Cultura, mas não soube de nenhum debate viva voz dela com os melhores profissionais das áreas que ela ataca tentando demonstrar que ciência se reduz a corpos biológicos, números, “leis” e pedras, muuuitas pedras.
E… NÃO HÁ SÓ CIÊNCIA!
Este posicionamento costuma vir agregado a uma postura anti-religião, que é direito de livre opinião, mas não é prerrogativa de ser balança do mundo. O sonho da ciência iluminista desde o século XVIII enquanto panaceia geral, está fracassando até hoje. Na política, não logrou uma igualdade entre os homens. Na biologia, não cura uma gripe fraca. A Teoria da Evolução é válida, mas não explica a sociedade. A psiquiatria vale enquanto não se reduz aos interesses da indústria. A psicologia behaviorista é superficial com melhoras temporárias do paciente… Devagar com o andor! Há também outras formas de conhecimento válidas que o sapiens sapiens produz!
Não entendo como “polêmica vazia” os escritos publicados na plataforma questão de ciência. Do mesmo modo, compreendo que não é papel do cientista – não que não possa ser feito – “debater olho-no-olho” com quem quer que seja. Os artigos publicados no instituto possuem viés científico, portanto, podem ser contrapostos por àqueles que entendem que a homeopatia, por exemplo, realmente traz algum benefício para saúde humana. O que deve ser confrontado e sopesado, a meu sentir, são os trabalhos científicos das duas vertentes, e não um ou outro pesquisador isoladamente.