OPOSITORES?
Não, se referem não se opõem por causa da sua própria natureza. No nosso tempo contemporâneo é que surgiu um forte debate opositivo. Ou seja, a oposição entre estas formas de conhecimento resulta dos debates culturais ocorridos no mote razão X fé a partir de meados do século XIX até hoje. Este debate empobrece o conhecimento e vem atingindo altos níveis de mediocridade, infelizmente.
CRIACIONISMO?
A discussão fundamentalista entre criacionistas e pretensos evolucionistas nasceu da forte presença – no seu ramo radical – no cristianismo norte-americano. Os católicos, por sua vez, já superaram este debate há muito tempo. O Vaticano escolheu a aceitação da ciência como um conhecimento inspirado por Deus, complementar e importante para a vida dos cristãos. Nesta pandemia, por exemplo, o catolicismo não se mostrou negacionista da ciência e da vacina…
NA CABEÇA DAS CRIANÇAS
A consequência mais drástica da mediocridade do debate atual está na vida escolar. Crianças brasileiras, numa sociedade que não vivenciou o debate fundamentalista acerca da validade ou não de uma das maiores teorias da ciência, o Evolucionismo, são muitas vezes obrigadas a ouvir o lenga lenga estéril desta falsa discussão. A importação desta paranóia norte-americana não nos serve de nada, só atrapalha.
AO PONTO
O ponto certo deste debate é bem outro. Reside na ética e na moral. Aqui, compreendemos moral não apenas no seu aspecto sexual, mas também nos seus aspectos republicano e cidadão. A ciência caminha a partir da intuição profunda, das noções e/ou da experimentação. Os verdadeiros temas a afligir a relação entre a toga eclesiástica e a lupa laboratorial estão no direito à vida e nas possibilidades de manipulação genética ou climática do mundo. A religião tem sido um necessário aporte ético ao lembrar possíveis consequências morais de uma liberdade total para a manipulação científica, que é, inclusive, indutora de guerras e de regimes totalitários.
CONSENSO
Se observarmos a cena mais de perto, veremos que tanto ciência quanto religião possuem limites éticos e preceitos morais. Isso nos leva a uma outra questão: como controlar a manipulação da ciência e da própria religião para evitar o descontrole do uso do conhecimento científico e a instrumentalização do conhecimento religioso para justificar o primeiro? Há um consenso em estado lato, mas é preciso transformar isso em tratados internacionais, legislações nacionais e conhecimento escolar.
