A palavra do historiador e cientista da religião para as grandes datas religiosas do calendário nacional costuma ser, naturalmente, marcada pela ciência. Aqui, buscamos uma ciência metanóica/humilde, onde a percepção da História é perpassada pela do Imaginário. Deste ponto de vista vanguardista, o Natal é uma festa que há muito transcendeu o cristianismo institucionalizado. Uma simples visita às redes sociais permitirá a qualquer um encontrar seguidores de outras religiões ressalvando seu olhar positivo sobre o Natal.

DE QUEM É O NATAL?

Cartesianamente, o Natal pertence “apenas” aos cristãos. Claro que se pode alegar que a mercantilização da festa por parte do mercado capitalista e o interesse de outras religiões de pegarem uma caroninha na popularidade do Natal é que explicam a sua ampliação. Um olhar mais refinado, entretanto, permitirá notar que o papel social das datas natalinas tem um sentido de distensionamento cíclico da duríssima realidade social brasileira. Uns chamarão isso de alienação. Prefiro considerar como um indispensável eufemismo terapêutico.

O NATAL NA PSIQUE

É comum ouvir em conversas informais que esta época do ano tem um “clima diferente”. Tem mesmo. O sentido do congraçamento amoroso no Sistema Simbólico que reside no entorno do nascimento do Rabi Jesus tem rebatimento na psique profunda da Alma. Dialoga com importantes personas da Alma como a Esperança e o Amor. Claro que não é só o cristianismo que possui datas festivas assim. Porém, entre nós, é do Natal que bebemos esta seiva maravilhosa para o adoçamento da Vida.

E A MERCANTILIZAÇÃO?

É lamentável ver, em algumas situações, o Natal reduzido ao aspecto mercantil. O comércio procura participar de diversas datas festivas para incrementar as vendas. O Natal é uma das mais importantes delas para o caixa das empresas e para a economia nacional. Penso que o aspecto mercantil poderia conviver melhor com o sentido cosmogônico da data. Mesmo assim, as Narrativas Míticas terapêuticas que subjassem a esta festa sagrada não são passíveis de diluição pelo marketing comercial.

UM NATAL PARA HOJE

Mais importante que o debate sobre a mercantilização da festa, é a busca por um diálogo espiritual e espiritualizador desta festa tradicional com a contemporaneidade pós-moderna. Vivemos um tempo de profundo desencantamento do mundo. Pobreza, depressão e suicídio vêm aumentando. O Natal é uma festa que pode ser refletida no foro íntimo como curativa e renascedora. O debate realmente importante hoje é o de como tocar os corações contemporâneos com a mensagem natalina de eterno retorno do encantamento pelo mundo e pela vida!

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