A vivência no/do Serviço Público Federal desde 1982 (como servidor desde 1992) nos permite um olhar amplo, tanto na experiência acadêmica quanto na experiência administrativa. Ambas, bem diversificadas. O Serviço Público é uma das maiores e melhores conquistas do povo brasileiro. No cômpito geral, somos uma das ex-colônias da América de maior sucesso pós-independência. Atrás apenas do Canadá e dos Estados Unidos, nesta ordem. Ao lado de Argentina, México, Cuba e Chile.
EM NOSSA HISTÓRIA
O serviço público parte de uma noção muito próxima à noção de fraternidade comum entre as religiões de livro revelado. O serviço público deve CUIDAR do contribuinte, seja cidadão ou súdito. Muitos estados nacionais, porém, possuem um serviço público reduzido porque a renda da nação é hiper concentrada e direcionada a elites que não aceitam sequer os direitos sociais mínimos. A chamada Elite do Atraso que força e empurra o Brasil foi obrigada a fazer concessões diante dos movimentos sociais do século XX, principalmente. É por isso que somos uma das nações possuidoras de serviços sociais voltados para um desenvolvimento pretensamente igualitário.
O FARDO NEOLIBERAL
A insistente teimosia neoliberal é o disfarce da ganância capitalista. Muita gente bem-intencionada acredita que o serviço público deve ser menor para a sociedade ser melhor. Ledo engano. O Estado funda a sociedade, como nos ensina Hegel. Hoje, uma geração inteira de funcionários públicos de mentalidade neoliberal, vitimados por esta ideologia principalmente nos governos de direita e de extrema direita que tivemos desde os anos 90. Às vezes, alguns destes funcionários públicos deixam de servir e de cuidar para ficarem apegados a números e a um pensamento formalista de “metas” disfarçado por outras noções. Se somamos a isto os casos de ganância pessoal desmedida pelo poder nas instâncias do Serviço Público temos uma ideia do quadro preocupante que a estrutura do estado brasileiro enfrenta hoje.
UNIVERSIDADES PÚBLICAS
Alvo privilegiado do desastroso governo de Jair Bolsonaro, que agora é um cidadão às portas da Justiça, as universidades viram um quadro de debilitação se instalar nos últimos 4 anos. Estamos lutando para sair dele. Os gestores de agora têm, como os do passado, a obrigação de respeitar a autonomia das unidades universitárias como, por exemplo, a diferença e a independência entre Chefias Departamentais e Coordenações de Graduações. Têm obrigação legal, também, de respeitar o ambiente de trabalho e a dignidade do ofício. (Continua na próxima semana.)