E eis que a pátria voltou a ser considerada uma espécie de religião sem Deus ou, pior ainda, voltou a ser considerada parte da religião de Deus… Na história política, este é um pensamento típico do nazifascismo, nome pelo qual ficou conhecido o maior movimento de extrema-direita da história europeia. Nele, o pertencimento a uma pátria é o substituto de vários pertencimentos, como sindicatos e cidades.
DEUS E A PÁTRIA
Deus costuma ser invocado pela pátria em momentos mais difíceis, como crise econômica, social ou política. O populismo de extrema-direita, porém, invoca o nome de Deus em situações cotidianas todos os dias. Com isso, a religião virou uma mercadoria política preciosa nas nações que estão sob governos extremistas.
INSTRUMENTALIZAÇÃO
O sentimento patriótico é típico dos últimos séculos da história ocidental. Ele não existia antes disso, pois as pessoas se identificavam como originárias de sua cidade ou de sua gleba e seu senhor. A obstinação pela “defesa da pátria” é um ato corajoso durante o processo de consolidação dos estados nacionais europeus que coincide com pesadas guerras por território, matéria-prima e acesso ao mar. Esta defesa faz sentido diante de agressões exteriores e de tentativas internas de desagregação da pátria, mas não deve nem pode voltar-se contra seus próprios cidadãos.
O CONTEXTO ATUAL
Na atual conjuntura política do mundo, dizer-se se patriota é dizer-se defensor radical da propriedade privada e da tutela da religião sobre a vida pública. Outras noções e conceitos são pérolas que podem vir junto deste “patriotismo”, como a pretensa demonstração de que a Terra é plana, as pessoas afirmando a negação da efetividade das vacinas e a alegação de que não existe crise climática.
LAICIDADE
A mais dura repercussão que o patriotismo de tipo religioso pode ter para o futuro de uma sociedade, é o comprometimento da laicidade influente sobre os três poderes da República. A solução não está em bloquear ou censurar a vida religiosa, mas sim em penalizar a altura os atos contra a democracia e a intromissão partidária de autoridades clericais constituídas.