Nos nossos dias, a religião parece muito guerreira, masculina. As principais religiões em termos de número de seguidores são realmente marcadas pela presença de um forte destaque para os arquétipos masculinos. É, por exemplo, o Deus dos exércitos que tudo pode simbolizado como um guerreiro deste mundo disponível até para as ações políticas e o comando patriarcal das famílias. Porém, esta escolha de arquétipos masculinos não é uma escolha obrigatória. Hoje, uma distorção do masculino, o tornou sinônimo de arbitrariedade.

CADÊ A MULHER?

As duas maiores religiões hoje em dia no Ocidente, são o cristianismo e o islamismo. Ambas, passaram por processos culturais de misoginia, ou seja, de recusa do simbolismo feminino. No cristianismo, o século 13 marcou a inflexão da igreja nesta direção. As atuais correntes do cristianismo estavam todos na mesma igreja na Europa. No mesmo século, três processos históricos profundos foram iniciados: a clausura das mulheres, a inquisição e as universidades cristãs.

A CLAUSURA

A retirada das mulheres cristãs dos atos públicos da igreja e das ações clericais, iniciou a consolidação do confinamento de freiras como uma demonstração da pureza e do celibato. A hegemonia de clérigos eunucos criou o perfil do “padre casto” que nós temos hoje como se se tratasse de algo da origem do movimento de Jesus. Não é! A hegemonia masculina atingiu uma dimensão que lembra o patriarcado judaico dos tempos de Jesus, por ele combatido!

A INQUISIÇÃO

Naqueles tempos, muitos cristãos acreditavam que a igreja estava em perigo de ser destruída por hereges e por religiões estrangeiros. Foi no início do século 13 que surgiu a primeira bula papal inquisitorial tornando a perseguição a hereges uma virtude e a tortura uma necessidade para a obtenção da prova processual… Antes desta oficialização da violência, movimentos de cristãos não clérigos haviam surgido na Península Ibérica para o combate ao islamismo com atos públicos de punição muito semelhantes aos que seriam adotados depois pela inquisição oficial.

ESTUDAR É CRER

Algumas das grandes universidades ocidentais de hoje, nasceram naquela mesma época. Hoje, elas recebem e produzem o conhecimento laico sem proibições. Na grande reforma do século 13, porém, a função das universidades cristãs era demonstrar que não havia separação entre estudar e crer. Ou seja, eram universidades canônicas, tendencialmente dogmáticas. Quando somamos clausura com inquisição e universidades proselitistas, temos o caldo cultural que produziu o cristianismo duro do nosso tempo. Porém, a busca por restabelecer uma amorosidade da/na igreja ainda permanece. O Papa Francisco é o maior exemplo disso, mas não é o único…

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