O São o João de Campina Grande foi batizado como Maior São João do mundo por Ronaldo Cunha Lima, que se orgulhava de ter sido o inventor da festa. Nos anos 80 do século passado a festa paraibana era também uma festa da cultura popular e ainda da religiosidade do Nordeste. Agora, a Cultura Popular está reduzida a pequenas apresentações e até um cantor e compositor do porte de Flávio José é escanteado com a redução de 1/3 do tempo do seu show para facilitar uma destas bandas da “música de plástico” que enriquece a Indústria Cultural.
PRIVATIZAÇÃO
A festa campinense foi totalmente privatizada para uma certa empresa. Não deixa de ser irônico que em uma administração de outro Cunha Lima – que infelizmente parecem querer ser uma espécie de “oligarquia tardia” – a mesma festa seja tão descaracterizada. Inclusive, não existe uma forte exigência contratual de que a empresa preserve parte dos horários nobres para o cancioneiro que fez a música nordestina tornar-se um modelo para a música brasileira como um todo.
SÃO JOÃO PROFÉTICO
Além da perda cultural, ocorre também a perda da tradição religiosa do São João. São João Batista foi um importante pregador profético da vinda de Jesus. Ele consagrou o batismo como uma forma de reconhecimento da fé no Deus de Abraão. Em pleno domínio do alto clero judaico, João Batista entusiasmava multidões com a sua liberdade de crer em um Deus Salvador voltado para todos, não só para os judeus. João foi preso e trucidado pelo Estado judaico que existia sobre o controle do Império Romano. Sua existência é citada por Flávio Josefo, escritor que consolidou o primeiro esforço de contar a história dos seguidores do Nazareno.
PARA ONDE VAI CAMPINA?
Aonde quer chegar a atual administração de Campina Grande com esta política cultural? É por causa da arrecadação? Há tempos atrás, quando o parque do povo foi dividido entre os que podiam pagar para ficar perto do palco e os que tinham que ficar lá para trás, já houve quem denunciasse a elitização da festa. Quando uma cidade desiste da sua identidade, acaba por jogar fora o seu sentido. Se é assim, é melhor ir conhecer o São João de Caruaru para saber como é que estão as coisas por lá…