Se existe um tema tabu quando se estuda as religiões, é a sexualidade. As Ciências das Religiões encaram o assunto cientificamente, com muito respeito e sem os impedimentos canônicos, que não cabem na vida acadêmica. Já comentamos aqui o amor e o casamento de uma forma geral. Ambos, porém, só têm sentido quando analisados em conjunto com a história da sexualidade…

DE ONDE VEM O TABU?

O tabu é culturalmente necessário, como indica a antropologia, mas isso não pode ser pretexto para atos humanamente excluidores. Ou seja, assim como o tabu é culturalmente considerado natural, a diversidade também o é. Existe uma tensão permanente entre respeitar e/ou inovar. Quando o assunto é sexo, esta tensão aumenta cerceando a visão! Em geral, a religião tenta normatizá-la.

NATUREZA

O sexo, porém, não é “só cultura”, posto que também é “da natureza” deste primata que somos nós, os sapiens. O difícil é normatizar a natureza…. Os clérigos e fiéis do mundo todo em muitas e muitas religiões, conhecem bem esta dificuldade. No Brasil contemporâneo, a posição reacionária do Fundamentalismo Religioso cristão tem, in-fe-liz-men-te, tentado impor valores exclusivistas que não parecem emanar do Mestre Jesus. A luta pela Diversidade Religiosa implica na luta pelo respeito à Diversidade de Gênero, que existe desde que a raça humana surgiu.

AMOR E SEXO

Na vida cotidiana brasileira, o amor romântico de origem imperial inglesa (séc. 19) ainda compõe majoritariamente as matizes socialmente aparentes dos relacionamentos amorosos. O antigo romantismo, porém, leva a uma questão: é possível ser romântico e desejar livremente? Para o romantismo, não. Os estímulos sociais, contudo, vão no sentido contrário. Tanto as mudanças nas relações amorosas quanto o surgimento de novas formas de casais e famílias, são fatos juridicamente consolidados, mas ainda repudiados pelo fundamentalismo.

MODELOS

Já temos no Brasil uma sociedade multifacetada e ricamente diversa, mas a insistência em empobrecer o debate, assusta. Como uma república laica que somos, a liberdade sexual em atos consentidos não é questionável. Nosso desafio está em aceitar as muitas formas de amar como algo que não pode ser posto em questão toda vez que, por exemplo, um parlamentar “religioso” decide transformar seus recalques em lei coletiva a ser imposta a todxs. Viver e desejar a multiplicidade é um fato portador de futuro.

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