Este é um tema que dificilmente se debate. Como não é debatido, torna-se alvo do senso comum. A religião permeia os sindicatos como se isso não fosse nada demais. Só que é. O pertencimento político que caracteriza os sindicatos já vem tentando há 100 anos substituir, na mentalidade ocidental, o pertencimento religioso.

“RELIGIÃO” SEM DEUS?

A chamada “morte de Deus” foi precedida pela busca de outros eufemismos que tragam algum ordenamento para o mundo diante da morte e do caos inexoráveis.  Os homens tentam substituir Deus com instituições aparentemente sem Deus. Na verdade, buscam sacralizar outros espaços e ambientes, como os sindicatos. É uma inflexão racionalista do Imaginário ocidental desde o século 18, só que razão também é mito….

BOTE FÉ NO SINDICATO

Há um conjunto de crenças que emana das lutas sociais por melhores condições na relação entre capital e trabalho. Na contemporaneidade ocidental, as crenças conscientes se confundem com o fenômeno religioso simbólico e mítico. Quando um conjunto de crenças racionais tenta “encantar” a vida a partir da “luta”, ele pode ter força social, mas não substitui as estruturantes simbólicas que quase sempre estão ligadas às religiões. Aqueles que lutamos por uma sociedade mais justa, precisamos encontrar fé para as lutas sindicais bebendo da fonte iluminista e conscientes da diferença entre isso e a religião.

SINCRONICIDADES

Estas diferenças, porém, não significam que no sindicato não possa existir um conjunto de bandeiras de luta que se aproximem muito de princípios teológicos religiosos. Existe aí uma sincronicidade profunda, histórica! O sindicalismo pertence a uma tradição de crítica social que vem das posturas igualitárias típicas das religiões de livro revelado, como o cristianismo. Assim sendo, há uma conexão política e material entre sindicato e religião.

O FUTURO

O futuro das lutas sindicais está tão questionado quanto a própria religião. Nestes tempos de trabalho precário uberizado, a vida sindical parece, para muitos, uma miragem. Tanto quanto no início das primeiras organizações sindicais, os sindicalistas de hoje precisam buscar certezas e objetivos que emanam da Alma! O olhar racionalista talvez nos dissesse para desistir da luta. O olhar profundo, porém, nos diz para mantê-la. Existe algo de fé nesta determinação!

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