Não há religião se não há desejo. Desejo como aspiração e como vontade. Normalmente, quando usamos a palavra desejo ela gera imediatamente a compreensão acerca do desejo sexual. Contudo, desejo é muito mais que isso. Para Carl Jung, o desejo vem e, de certa forma, É a fonte inspiradora que nos ensina a seguir e até aceitar o caminho da nossa vida. O desejo faz parte do Trajeto da Alma!
AS ESCOLHAS
Tolher o desejo é também tolher a liberdade de escolha. Vejamos um pouco mais de Jung em seu Livro Vermelho:… “Mas quem deves viver tua vida, se tu não a vives? Não é apenas imbecilidade trocar sua própria vida por uma estranha, mas também uma brincadeira estúpida, pois nunca consiguirás viver a vida de outra pessoa, pois só podes viver a tua própria vida.” Nas escolhas que libertam ou escravizam a Alma , a religião pode ter um papel decisivo e até terapêutico. O fundamentalismo religioso impede este papel libertador e afunda a religião na escravização do ser.
O DESESPERO
Gilbert Durand caracterizou o ser humano ocidental como um “cristão desesperado”. Durand indica a fonte do desespero em um processo cultural que Weber chamaria de Desencantamento do Mundo. O Desencantamento ou Desmitologizamento de Valores foi muito importante para abrir e ampliar a atual “era de direitos (humanos)” que vivemos hoje. O efeito colateral deste remédio foi o racionalismo, responsável pela exacerbação do consumismo e do individualismo. Neste contexto, o desejo e a imaginação foram rebaixados…
ESPERANÇA
Talvez a humanidade esteja vivendo um momento histórico que permita repensar a importância dos espíritos livres. A crise climática sem precedentes e o crescimento de guerras e da opressão econômica, são dores coletivas que também ensejam oportunidades. As instituições religiosas – ou pelo menos algumas delas – parecem dispostas a subir o nível do debate. Sem líderes espirituais fortes, desejantes (!) de mudanças, a espécie humana afundará. Esperancemos que não!
